quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Continuação do meu diário virtual, 5ª página

   Coisas anormais acontecem com os bruxos, e, algumas vezes, acabam até sendo normais. Mas tem uma coisa que, dentro de muitas, acaba sendo anormal de qualquer jeito: Alguém se aliar à Sonserina.
   Foi o que acabei de ouvir de Ana, que nunca mente: A louca varrida da Mádi se tornou "amiguinha" de Emília Bulstrode.
   Emília Bulstrode não é alguém que eu chamaria de "gentil" ou "amigável". É a menina mais turrona do mundo, não sabe brincar com nada, vive sempre de cara feia. Até para os melhores amigos ela consegue mentir e enganar. Uma coisa todos sabem sobre ela: "Nunca confie em Emília Bulstrode, por que até nos amigos mais íntimos ela pode passar a perna". E os boatos são verdadeiros.
   Nunca consegui sentir nada além de nojo por Mádi Brocklehurst. Mas, dessa vez, até consegui sentir um pouco de pena dela. Com certeza, Mádi vai se arrepender muito de ter confiado na Emília, Ana diz.
   Naquela manhã, quando já tinham se passado dois dias após saber das novidades entre Brocklehurst e Bulstrode,  não consegui me conter:
   - Preciso urgentemente conversar com Mádi - sussurrei para Ana, no café da manhã.
   - Ficou maluca? O que quer com a "nojentinha"? - Falou ela em voz alta.
   - Preciso saber o que ela quer. Com Emília.
   - Ela nunca vai te responder, ou nem sequer, olhar para sua cara - mas eu já estava indo para a mesa da Corvinal quando ela respondeu.
   Mádi ria com as amiguinhas chatas dela, todas com nariz estranho. Quando me aproximei delas, as que me viram pigarrearam e me fuzilaram com o olhar. Mádi estava sentada de costas para mim, como sempre, e assim que as primeiras garotas pararam de rir, ela se virou:
   - Que é que faz aqui? Não está vendo que é proibido sair de sua mesa?- perguntou ela, a voz enojada.
   - Não estou nem ligando para as regras, só vim por um motivo: o que quer com Emília Bulstrode?
   - Isto não é da sua conta - falou Mádi, evitando o meu olhar.
   - Se você soubesse o quanto mente mal... A questão é: se não é da minha conta, então por que se aliou à ela? Digo, você só pode estar armando alguma para cima de mim fazendo o que fez. Caso esteja armando para me perturbar, então com certeza é da minha conta.- respondi, tentando não mostrar a minha voz trêmula.
   - Não é por sua causa. Não posso achá-la legal? Agora é crime ser amiga dela? Por favor, francamente...
   - Não pode confiar nela - interrompi-a depressa - ela passa a perna em todo mundo. É o que todos dizem.
   - E se estas informações estiverem erradas? Não me importo com o que os outros dizem. Eu conheço a Emília e ela é uma pessoa muito legal. Agora, se me der licença...
   - Ela é da Sonserina! As pessoas da Sonserina mentem. Não consigo acreditar que...
   Nessa hora, a prof ª. Mcgonagall me interrompe com a seriedade estampada em seu rosto rígido. Ela aponta em direção à minha mesa, e, sem dizer uma palavra, atravesso o Salão Principal e vou para o meu lugar. Ana me esperava aborrecida por não tê-la escutado.
   - E então, como foi? - pergunta ela, finalmente, quebrando o silêncio.
   - Ela falou que achava Emília "muito legal". Foi isso que ela me disse. E também falou que conhecia ela, e tinha certeza de que não iria ser enganada.
   - E ela falou por que tinha se aliado à ela?
   - Só disse que achava-a uma boa amiga.- respondi.
   - Viu? Eu falei que ela iria mentir. Está claro que Bulstrode só é sua aliada por ter pagado ela, ou o contrário. - falou Ana, com ar de sabe-tudo.
   - Mas e se Mádi estiver falando a verdade? Digo, eu sei quando ela mente. Ela mente muito mal. Aquilo não parecia mentira.
   - Ah! Você se surpreenderia o quanto as pessoas mudam quando passam a andar com o pessoal da Sonserina. Especialmente Mádi, que cai como um patinho em todas as pegadinhas.
   Naquela noite, quando estava estudando com Ana na biblioteca, alguma coisa brilhou na minha mente: eu tive uma ideia.
   Esperei até que a bibliotecária saísse e fui sorrateiramente até a seção reservada. Ana estava no banheiro, então não podia argumentar nada. Eu tinha que achar um livro: Poções muy potentes. Um dia ouvi Snape e Flitwick conversando sobre uma tal de Poção Polissuco. Snape falou que a receita desta poção estaria no Livro Poções muy potentes. E eu tinha que descobrir o que esta poção fazia, eu tinha um leve pressentimento de que ela tinha a ver com a solução para desvendar o mistério de Emília.
   Lá estava ele: um grosso livro empoeirado, amontoado na seção reservada. Peguei-o e o escondi nas minhas vestes, o que não foi muito fácil. Saí depressa da biblioteca, diretamente para a sala comunal da Lufa-Lufa, onde não tinha ninguém. Tirei o livro do "esconderijo" e comecei a folheá-lo:
   - Aqui está! - e comecei a ler - A poção Polissuco tem a função de fazer com que a pessoa que a beba tenha a aparência de outra. Os ingredientes são: Hemeróbios, sanguessugas, descurainia, sanguinária, pó de chifre de unicórnio, araramboia picada, e um pedacinho da pessoa em que quiseres se transformar.
   Neste momento, Ana entrou na sala, arfando e suada.
   - TE PROCUREI EM TODO LUGAR! ONDE É QUE VOCÊ...- seu olhar se direcionou para o livro no meu colo - O que é isso?
   - Não é nada - menti- é só mais um livro de História da Magia.
   - Nunca notei um com essa aparência- murmurou ela, desconfiada - Se você estiver mentindo...
   - O quê? Por que faria isso com a minha melhor amiga? Seria crueldade! É que eu... o encapei com um outro tipo de pano- menti novamente - para... proteger melhor, sabe, assim é mais difícil de sujar...
   - Tá bom... Eu acredito em você - mas ainda sim parecia desconfiada - mas porquê raios você decidiu sair da biblioteca?
   - Ora, é por que eu o tinha esquecido aqui e vim buscá-lo. - respondi, temendo que ela não acreditasse.
   - Bem, você poderia ter me avisado onde ia- falou ela, aborrecida - ou só deixar um bilhete.
   - Me desculpe, foi indelicadeza da minha parte. Não vai acontecer de novo, tá?
   - Tá né...
   - Ei, escuta... - interrompi-a - Eu tô cansada, acho melhor estudar na cama, mesmo.
   - Tudo bem, mas eu vou estudar na biblioteca. Lá é o lugar ideal para um estudo, você sabe disso.
   - Sei, sei... Mas é sério... Estou exausta. Amanhã estudo na biblioteca com você novamente.
   E assim, fiquei sozinha com o livro proibido... Já pensando em como faria, no dia seguinte, para conseguir todos os ingredientes.


Continua...
     

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