quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Continuação do meu diário virtual, 6ª página

   Acabei adormecendo, e tive pesadelos. Na noite anterior, eu tinha folheado o livro e acabei vendo além da Poção Polissuco. Havia fotos horrendas, de gente do avesso, pessoas aterrorizadas, gritando de dor, se transformando em muitas coisas. Sonhei que eu havia preparado a Poção e achado que estava tudo OK., mas, na verdade, eu havia preparado uma poção proibida, e acabei virando do avesso, igual àquela imagem.  
   Acordei de sobressalto, suando frio, a pele quente e tremendo. Ainda não havia amanhecido e Ana estava dormindo na cama ao lado. O livro Poções muy potentes estava no meu colo, fechado e virado para baixo. Por sorte. Senão, Ana e todas as meninas teriam notado que o livro não deveria estar aqui.
   "Foi só um sonho", pensei. "Volte a dormir. Foi só um sonho."
 
   Eu estava praticamente sem paladar na manhã seguinte. Não estava com vontade de comer nada, apesar de Ana e Ernesto Macmillian (Ernie) ficarem insistindo para que eu comesse. É claro que eu recusava a tortinha de abóbora de Ana.
   - Mas você tem que comer, Susy! - insistiu ela - O café da manhã é uma das refeições mais importantes do dia!
   - Para você, todas as refeições são as mais importantes - murmurei, desanimada.
   - Tem razão, Susy - concordou Ernie - Mas mesmo assim, coma pelo menos um pastelzinho.
   Eu não comi, recusando todas as tentativas de Ernie e de Ana de enfiarem alguma comida na minha boca.
   Fui para a aula de História da Magia, depois para Poções, e depois para Defesa Contra as Artes das Trevas. Aí veio o almoço.
   - Tá bem, vou comer essa torta - resmunguei finalmente, após Ana insistir com um pedaço de torta.
 
   Eu estava tão desanimada com o fato de que os ingredientes eram impossíveis de se conseguir, que estava determinada à devolver o livro. Mas algo me impediu de fazer a devolução.
   Após todas as aulas seguintes, quando eu estava voltando à sala comunal da Lufa-Lufa, acabei dando um encontrão em Ernie Macmillian e Chester. Os dois estavam conversando na frente de seus armários, no meio do corredor, quando esbarrei neles. Depois de reclamarem, voltaram a conversar sobre um assunto intrigante. Curiosa como sempre, me escondi na lateral do armário de Chester e escutei:
   - Snape é um idiota mesmo - murmurou Ernie.
   - Também acho. Ele não merecia ser professor de Hogwarts - falou Chester - Sabe, você tinha que ver o que tem no armário dele. Tudo o que você possa imaginar. Desde Araramboia até Descurainia. É impressionante.
   - Mas como você sabe disso? - perguntou Ernie, desconfiado.
   - Estava passando pelo corredor do armário de Snape e acabei vendo o professor recolhendo algo de uma das estantes. Você tinha que ter visto, iria ficar boquiaberto com a quantidade de ingredientes que tem lá. - respondeu Chester, com o rosto sombrio.
   É isso! Desde Araramboia até Descurainia. É óbvio! Os ingredientes mais difíceis estariam no armário de Snape! Mas como iria chegar até lá, roubar os ingredientes e sair de lá, tudo sem ser vista? Isto eu iria descobrir logo, logo.
   Uma coisa eu sabia: Iria precisar de ajuda. Para isso, eu teria que contar para alguém... Mas não podia contar para Ana, ela nunca iria querer me ajudar depois que descobrir que eu havia mentido. Ela nunca iria me perdoar... Ou iria?
    Não havia mais ninguém para quem contar. Eu nunca confiei muito no Ernie, muito menos no Chester. A Ana era a minha única pessoa que servia. Então eu teria que encará-la... E desmentir, para que ela possa me ajudar na minha "missão".
    Depois de escutar a conversa dos dois, rumei direto para o meu distino anterior, para encontrá-la. Cheguei ao retrato do sapo que me olhou desconfiadamente, mas falei:
   - Pena de Avestruz!
   O retrato deslisou para frente e me esgueirei para passar pelo buraco. Lá estava ela, sentada em uma das poltronas cor-de-violeta e lendo um livro chamado A Transfiguração Importante- Saiba transformar coisas pequenas em grandes. Me aproximei cautelosamente e sentei-me ao lado dela. Ana nem pareceu me notar, mas por fim quebrou o silêncio:
   - Onde esteve?
   - Eu...eu estava escutando a conversa de Ernie e Chester - respondi, em voz baixa.
   - Por que você fez isso? - sibilou ela, finalmente desviando o olhar do livro e mirando-o em mim.
   - Eles estavam falando sobre o que havia no armário de Snape - falei depressa - Havia muito do que eu preciso, e quero que você me ajude a conseguir.
   - O quê? Do quê você está falando?
   - Eu...eu...- engasguei-me - eu preparando Polissuco estou poção - falei depressa, embolando todas as palavras.
   - Hum...
   - Eu... eu estou... preparando... a Poção... Polissuco - falei, devagar e tomando cuidado para não engasgar novamente.
   - O QUÊ?! - exclamou ela, vermelha - quer dizer que você... que você mentiu pra mim? Agora tudo faz sentido! Aquele livro, não era nada de História da Magia!! E isso justifica por que você quis "estudar" na cama! Aquele livro só podia ser o Poções muy potentes...
   - Como você sabe desse livro?
   - Bom... Eu sei por que eu ouvi o professor Snape e o Flitwick também... Você estava escondida de um lado e eu do outro...
   - Eu... não... acredito!- falei, muito surpresa.
   - Eu é que não acredito - gritou ela, agora MUITO furiosa - como é que você não me conta que estava tentando fazer a poção Polissuco? Eu, que sou sua melhor amiga!
   - Eu sabia que você iria reclamar e não iria me deixar fazer! Acontece que eu achei que essa poção iria me ajudar a desvendar o mistério de Emília! Eu queria me transformar em Mádi e... ver como é ser amiga de Bulstrode.
   Ana ficou me fitando de modo a parecer que ela acha que sou maluca.
   - Como? - murmurou ela, incrédula.
   - Você me ouviu - falei, corando - A questão é que eu preciso invadir o armário de Snape, pegar os ingredientes mais complicados como Araramboia picada e preparar a poção, tudo sem ser vista. Eu preciso de sua ajuda, eu preciso. Por favor!
   Mas Ana continuava incrédula.